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A política de investimento desses fundos gira em torno de ativos offshore: ações, real estate, bonds. Tanto é que minha ideia de escrever algo sobre o tema surgiu lendo uma notícia sobre o follow-on da Natura, empresa que conta com um destes grandes SWFs entre seus principais acionistas: o GIC (Government of Singapore Investment Corporation).
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O maior deles, o Norway’s oil fund ou Norway Government Pension Fund Global, foi criado na década de 90 para limitar os efeitos que a volatilidade de preços do petróleo pudesse gerar ao país - como o nome ilustra, o dinheiro do fundo vem da exploração da commodity. Abaixo o crescimento do valor de mercado do fundo desde meados de sua criação -- aliás, o site deles é muito completo; vale muito passar um tempo por lá:
A política de investimento é toda voltada para ativos de fora e seguem uma alocação de ~70% em ações. Pra diversificar tamanho volume de dinheiro num único tipo de ativo, são mais de 9.000 empresas investidas em 74 países: no total, investem em 1,5% de todas as companhias listadas nas Bolsas globais!
Nesse link dá pra ver todos os ativos investidos -- no Brasil vai de IRB a São Martinho (só não cabe Oi na carteira, pelo visto): https://www.nbim.no/en/the-fund/holdings/holdings-as-at-31.12.2019/?fullsize=true
O retorno anual é bastante respeitável: https://www.nbim.no/en/the-fund/returns/
Esse ano, porém, o baque será grande e a chamada da Bloomberg dá a proporção: Norway Wealth Fund Lost Record $113 Billion in Stock Slump. No primeiro trimestre/20, o fundo teve perda de 14,6%; com as ações caindo 21,1%. E diferente de outros momentos, dessa vez, para ajustar nas contas do país, o fundo vai repassar parcela de seu PL ao governo (coisa que aconteceu em outros momentos de cotações baixas do petróleo). Precisaram, também, vender na baixa:
"The crisis triggered by the coronavirus pandemic is playing out very differently for the giant investor than the 2008 great recession. Back then, Norway’s wealth fund used the global sell-off to buy up cheap stocks. This time, the fund will probably need to offload a sizable chunk of its bond portfolio."
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Acá, por um tempo, também tivemos nosso Fundo Soberano (com letras maiúsculas menos por sua relevância do que por costume de escrita). Foi criado em meados de 2008 com o intuito de investir parte da grana gerada com os royalties da exploração do pré-sal. Sem nenhum sucesso em tentar gerir essa empreitada, descobri com atraso que, com a aprovação da MP da liberdade econômica ano passado, foi extinto.
Não seguindo o "padrão" de investir em ativos de fora, colocou dinheiro em títulos públicos, ações do BB e da Petrobras e...
"A equipe de Arno Augustin comprou nada menos que 12 bilhões de reais em ações da Petrobras. Pagou 29,65 reais pelas ações ordinárias e 26,30 reais pelas preferenciais e passou a ter 3,9% do capital da companhia. Além de não ter absolutamente nada a ver com os objetivos do fundo, esse investimento foi desastroso.
As ações da Petrobras perderam cerca de 40% de seu valor nos dois anos seguintes. Mas foi aí que surgiu o inexplicável. Arno e seus magos das finanças inverteram a lógica mais básica que rege investimentos e decidiram vender tudo. Compraram na alta e venderam na baixa — e jogaram na lata do lixo 4,4 bilhões de reais." (https://exame.abril.com.br/revista-exame/deixa-no-cdb-arno/)
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