quinta-feira, 28 de maio de 2020

Coisas de quinta: gráficos, threads, França e Benin

Dos gráficos interessantes que vi, esse leva o pódio (https://www.bloomberg.com/news/features/2020-05-28/coronavirus-lockdown-crushed-economies-jobs-energy-and-shops?srnd=premium):


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Fiquei um tempão nessa thread sobre qual o economista mais cool que tivemos: https://twitter.com/MattZeitlin/status/1262906700966825989. A Beatrice Cherrier fez outra de suas grandes, dessa vez sobre Jacob Marschak: https://twitter.com/Undercoverhist/status/1264201314420097025 

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Um pessoal bom se juntando na França e no Benin!

Paulinho Nogueira - Tons E Semitons (1986, Vinyl) | DiscogsEscrevendo e lendo estive ouvindo o Paulinho Nogueira
nesse Tons e Semitons ao lado

terça-feira, 26 de maio de 2020

O follow-on do Real Oviedo



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Pra quem não conhece, é interessante a história de um clube da 2ª divisão espanhola que colocou ações à venda para não falir e foi salvo pelo homem mais rico do mundo: https://br.reuters.com/article/sportsNews/idBRSPE8AG02I20121117

domingo, 24 de maio de 2020

Jordan acionista e o valuation dos Clippers pelo Damodaran

"The upshot: The valuation of the Hornets has increased 757% since Jordan bought control. In contrast, the stock market is up only 160%. So Jordan’s investment in the Hornets has done 4.7 times better than the S&P 500."

Daqui: https://www.forbes.com/sites/mikeozanian/2019/09/20/heres-michael-jordans-pretax-return-on-the-sale-of-the-charlotte-hornets/#1698df5531b6

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Damodaran fazendo o valuation dos Clippers e alguns gráficos interessantes de
  • Correlação crescimento das receitas nos esportes e variáveis macro: 1990-2012

  • Receitas e EBITDA por esporte -- último ano disponível 
  • Os Betas das equipes e outros índices contábeis

Fundos de arte, ETFs para tudo, CoCo bonds, o economista dançarino e Alberto Alesina

Das coisas que mais gosto de passar o tempo fuçando são fundos de investimento fora da caixa -- digamos, assim. O FIP Brazil Golden Art, por exemplo, investe em obras de arte plásticas acá: http://www.brazilgoldenart.com.br/Site/Institucional

Um pouco sobre o fundo que tem prazo mínimo de resgate de 5 anos: https://alemdofato.uai.com.br/economia/arte-um-mercado-de-regras-frouxas-atras-de-investidores/

"No ano passado, o fundo da gestora Plural Capital possuía mais de 540 obras de arte de mais de 300 artistas brasileiros. O acervo do fundo era composto por obras de artistas “blue chips” – nomes consagrados no mercado das artes – e “small caps” – artistas emergentes, cujas obras devem valorizar nos próximos anos"

E suas exposições: https://www.select.art.br/pontas-de-lanca/ e https://harpersbazaar.uol.com.br/bazaar-art/brazil-golden-art-e-o-instituto-om-apresentam-a-expo-dialetica/

Foto: Divulgação

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Esses dois permitem dizer que sim:

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Em tempos de juros negativos, os CoCo bonds reaparecem como alternativa. Os contingent convertibles são títulos passíveis de serem trocados por ações da companhia, caso cenários ruins acordados virem realidade -- leia-se dívida cresça muito, por exemplo. São títulos perpétuos e foram criados para que o ônus de um cenário ruim (para abusar do eufemismo), como uma crise bancária, não fique restrito (como nos idos de 2008) e possa ser diluído. Para tamanho risco, a remuneração desses Additional Tier 1 (AT1) é maior: 

"Most CoCos paid a coupon of between 6 and 9 percent in early 2019, roughly double or even triple that of more secure senior bank bonds." (https://www.bloomberg.com/quicktake/contingent-convertible-bonds)

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Os bancos europeus se aproveitaram desse instrumento. Exemplos são os casos do BBVA  e do Deustche:

"So-called additional tier 1 regulatory capital bonds (CoCos) are an especially risky type of debt because the investor bears the losses if the bank fails. As such, it’s notable that Deutsche is self-assured enough to sell them — and people are happy to buy. The new issue announced on Tuesday saw initial talk of a 6.75% coupon reduced dramatically to 6% in the final pricing; the order book was 11 times higher than the $1.25 billion issue size." (https://www.bloombergquint.com/gadfly/deutsche-bank-has-been-let-back-into-the-coco-bond-club)

Para dar uma noção do tamanho do mercado:

CoCos Keep Coming

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O mercado asiático de CoCos continuou levantando dinheiro mesmo durante o coronavírus: https://www.bloomberg.com/opinion/articles/2020-02-27/coronavirus-can-t-stop-the-coco-bond-express-bank-of-china-shows

 "It’s quite a statement to launch a US$2.82 billion foreign-currency perpetual bond (the riskiest type of debt) in the biggest Chinese deal of this type since 2017 — especially when the debt capital markets have hit their quietest period this year on coronavirus uncertainty. 

Bank of China Ltd. achieved this feat on Wednesday, with one of the lowest coupons on record (3.6%) for any bank for this type of issue."

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Por aqui os bancos também se aventuram: https://twitter.com/PedroCerize/status/1264269852367298574

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Uma das melhores histórias que li sobre academia no finado blog Leis da Oferta, em texto escrito pelo Vinicius Carrasco: https://web.archive.org/web/20160512064558/http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/leis-da-oferta/2016/05/06/yuliy-sannikov-medalhista-clark-bates-de-2016/

"Fazendo desse seu job market paper, passou a procurar emprego. À exceção de Stanford (que, como todas as escolas, tem saudável política de não oferecer emprego direto a alunos), todas as escolas lhe fizeram oferta. Escolheu ir para Berkeley por uma razão inusitada: seu par de dança estava na Bay Area. Sim, Yuliy Sannikov é dançarino profissional de salão (ball dancer). Queria continuar competindo e precisava manter a parceira… De Berkeley, foi para a escola de Finanças da NYU, passou um tempo em Harvard como professor visitante e, desde 2008, é professor titular em Princeton."  

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sábado, 23 de maio de 2020

Pitacos de sábado: fundos soberanos-futebolísticos, Amaro Freitas e Oliver Williamson

O fundo soberano da Arábia Saudita fez proposta de £300 milhões para comprar o Newcastle -- coisa que virou notícia, já que um novo-rico estaria brotando no futebol europeu (ainda mais em tempo de queda nas receitas): https://www.ft.com/content/17856b31-cfbd-4004-8b48-195d45f5bad2

A estratégia de ligar a imagem do país a algo "lúdico", como um time de futebol, tem sido tratado como uma forma de limpar o véu autoritário saudita; para tanto, denomina-se sportwashing: https://www.npr.org/2020/04/28/847447255/a-saudi-arabian-investment-fund-is-planning-to-purchase-newcastle-united

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Pesquisar despretenciosamente sobre fundos soberanos sempre rende boas novas, exemplo é ver o board do PIF (obviamente, tendo o príncipe saudita como chairman) e descobrir que eles têm um Ministro do Investimento: https://www.pif.gov.sa/en/Pages/Boradmembers.aspx

Dentre a gama de ativos que o fundo investe, estão:


E nesses tempos, tem aproveitado pra ir à feira:

"The $320 billion Public Investment Fund, which until five years ago was a holding company for government stakes in domestic businesses, disclosed an $827.8 million stake in BP Plc, a $713.7 million investment in Boeing Co. and $522 million positions in both Citigroup Inc. and Facebook Inc. at the end of the first quarter. Other bets include $495.8 million on Walt Disney Co. and $487.6 million on Bank of America Corp." (https://www.bloomberg.com/news/articles/2020-05-15/saudi-arabia-wealth-fund-buys-stakes-in-disney-facebook-citi)

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Essas duas reportagens sobre o Amaro Freitas são belas: UOL e monkeybuzz. A lista de discos que o pianista elabora é obra-prima.

Aliás, estive ouvindo sua apresentação no Jazz at Lincoln Center enquanto escrevia. Também ouvi um pouco do Azymuth no Boiler Room.

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Olivier Williamson se foi, leia aqui: https://twitter.com/vncarrasco/status/1264008379556671488


quinta-feira, 21 de maio de 2020

A volta ao mundo em 80 jazz -- 1ª parada: Cuba

A ideia é dar a volta ao mundo em 80 países, cada um por uma música. No estilo Cortázar e Rádio Batuta (https://radiobatuta.com.br/categoria-programa/a-volta-ao-jazz-em-80-mundos/). 

De preferência os países de menor preferência, com músicas da cena atual.

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Primeira parada é Cuba -- Havana Chants do Cuban Jazz Report (https://open.spotify.com/track/1FcCbNj7SAQcPxu1K8lXoE). Aliás, sempre o mapa e a capa:

Barbara Dziadosz Illustration | Map of cuba, Illustrated map, Cuba Eliel Lazo - Cuban Jazz Report - Amazon.com Music

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quarta-feira, 20 de maio de 2020

Os hedge funds de quarentena

Como os hedge funds têm se comportado nesses tempos:

Eleven Hedge Fund Traders Scored Big During Worst of the Crisis --https://www.bloomberg.com/news/features/2020-05-19/these-hedge-funds-beat-the-coronavirus-driven-market-collapse

Delivery, Streaming Were Hedge Funds’ Biggest Bets at Pandemic Start -- https://www.bloomberg.com/graphics/where-hedge-funds-invest-13F/2020-q1.html?srnd=premium

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E um bônus venezuelano:


Tem como ir mais pra baixo? O pessoal aí de cima crê que não

Some investors are bullish on Venezuela bonds after years of losses

terça-feira, 19 de maio de 2020

Investimento para cinéfilos -- Funcines e o valuation do Mubi

Os funcines são fundos que investem nas variadas atividades relacionadas ao mundo audiovisual, desde comercialização de filmes até salas de cinema. Foi criado em meados dos anos 2000 para diversificar as formas de fomento ao setor, antes restrita aos CAVs (Certificado de Investimento Audiovisual -- que a CVM tem tentado simplificar: http://www.cvm.gov.br/noticias/arquivos/2020/20200325-1.html).

O objetivo era alcançar a pessoa física, mas pelo jeito foram as empresas que toparam, atraídas pelo benefício da renúncia fiscal -- coisa que daria no IRPF também: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0407200514.htm

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Nessa reportagem da Capital Aberto de 2004 (https://capitalaberto.com.br/edicoes/bimestral/edicao-14/cinema-na-prateleira-dos-fundos/) dá pra ter uma noção do começo desse assunto. Os primeiros bancos a ingressarem no campo foram o BB, o Bonsucesso (atual Bs2) e a gestora Rio Bravo; e pensavam alto na captação. O modelo francês serviu de inspiração com os Soficas (Sociétés de financement de l’industrie cinématographique et de l’audiovisuel -- https://www.cnc.fr/professionnels/aides-et-financements/multi-sectoriel/production/les-sofica_759536), que é bem estruturado: https://www.cnc.fr/documents/36995/1062654/Liste+des+SOFICA+agr%C3%A9%C3%A9es+en+2019+pour+les+investissements+de+2020.pdf/34610765-e14e-cc66-659f-4c0c29302e4c

O funcine da Lacan foi o que achei mais infos -- entre elas, ter investido no filme do Mussum: https://www.lacaninvestimentos.com.br/funcine-rio-um   

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O Mubi, plataforma de streaming que sempre troca sua carta de filmes -- cada qual fica um mês disponível --, foi avaliado em USD 125 milhões em valuation de 2016, antes de se aventurar na China: https://www.businessinsider.com/mubi-indie-movie-streaming-startup-worth-125-million-as-it-moves-into-china

MUBI – conheça a plataforma streaming de filmes clássicos, cults e ...

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Lendo, vendo e escutando nesse meio de maio de 20

Se eu tivesse lido esse artigo do Marcos Lisboa escrito após a morte do Kenneth Arrow antes de entrar na faculdade, minha graduação teria sido outra. Uma aula introdutória ao que a economia esteve estudando em mais de século: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/04/1879642-kenneth-arrow-e-a-revolucao-de-um-nobel-na-economia.shtml?origin=folha

Cabe Walras, Ramsey, Hicks, Keynes, Samuelson, Friedman e mais um time completo.

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Aliás, em momento como esse, Arrow falando sobre o que pensava de um programa de saúde nos moldes do Obamacare -- na verdade, comparando o modelo americano com demais universais: https://www.youtube.com/watch?v=EtYiVcpE1HE

E o Nexo explicando, por meio de sabores de sorvete, o teorema da impossibilidade dele: https://www.youtube.com/watch?v=849u239O5yo

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Aliás, esse vídeo sobre o Jacob Palis é interessante também: https://www.youtube.com/watch?v=0pBsKsroNUI. E fechando os assuntos matemáticos-"puros", acabei revisitando o obituário do Alexander Grothendieck na Piauí: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/a-voz-das-coisas/

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Descobri só hoje o Medium do Rodrigo Peñaloza, gostei bastante dessa abordagem microeconômica sobre a Lei Pelé (me lembrou das aulas de Micro 4, com Schumpeter e tudo) : https://medium.com/@milesmithrae/microeconomia-contra-a-lei-pel%C3%A9-rodrigo-pe%C3%B1aloza-10-iv-2016-84740de6ee45

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Merton, Samuelson e Solow contando onde investiam o dinheiro deles (não vá esperando uma sessão de coach financeiro!): https://www.youtube.com/watch?v=-HrTD5J2qP0 

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Esse NPR é muito bom!: https://www.youtube.com/watch?v=-vLoM-EqWq8&t=485s

Aliás nº1, no Annual Report dá pra ver quem os financia, por meio de filantropia ou patrocínio corporativo (imagino que seja um eufemismo pra renúncia fiscal). Tem de Morgan Stanley a Jazz at Lincoln Center, passando por New Yorker e Harvard Business School: https://www.npr.org/documents/about/annualreports/2019_Annual_Report.pdf

Aliás nº 2, parte das receitas deles vêm de investimentos: "The NPR Foundation provides funding for NPR's operations, drawing on earnings from funds that include the 2003 bequest from Joan B. Kroc. In addition, NPR earns revenue on its short and long-term investments" (https://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=178660742)


Aliás nº3, é uma quantia bastante considerável:


sábado, 16 de maio de 2020

Alan Greenspan nas páginas antigas da New Yorker

É incrível como a New Yorker consegue fazer conteúdo de qualidade com tiragem semanal há tanto tempo. Quem aproveita somos nós. Nesses tempos tenho lido (em alguns artigos tive vergonha na cara e voltei a ler depois de um tempo tendo deixado pela metade) perfis e reportagens sobre o FED, em especial sobre os ex-presidentes de lá, escritos pelo John Cassidy.

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Gostei muito do perfil do Alan Greenspan -- The Fountainhead: https://www.newyorker.com/magazine/2000/04/24/the-fountainhead. Algumas passagens interessantes:

"It was the beginning of the bebop era. Jazz orchestras, featuring virtuosos like Dizzy Gillespie, were starting to emerge; and some of the old swing bands were forced to update themselves. One such outfit was the Henry Jerome Band, which played regularly at the Childs restaurant in the Paramount Theatre building, in Times Square. The band's manager, who also played in its horn section, was a young law student named Leonard Garment—the same Leonard Garment who went on to become President Nixon's counsel during Watergate. Garment still recalls the day when Alan Greenspan showed up at the Paramount. "He had exactly the same face, a slightly ironic, self-measuring smile, very interior-oriented," Garment told me a few weeks ago. "I played jazz tenor saxophone. Alan came into the band and played the other tenor saxophone, and he also played the clarinet and the flute. He was very good, very solid." Greenspan stayed with the band a year, during which time it alternated between touring and playing in New York. Even on the road, he was quiet and reserved. He put his interest in numbers to good use, assisting Henry Jerome, the bandleader, with the bookkeeping, and aiding some of his fellow-players with their income taxes, always a problem for itinerant musicians. In other areas, too, he helped to keep his colleagues in line. Above the Childs restaurant was a Walgreen drugstore that had a row of phone booths. Some of the musicians used the booths to smoke marijuana, and the drugstore manager would complain to Garment. When Garment didn't have time to retrieve the miscreants himself, he would dispatch his fellow tenor sax to do the job. "I'd say, 'Alan, could you get some of those guys down here? Tell them it's time to play and to stop smoking,' " Garment recalled."

"Greenspan likes to remind people that he has been observing the United States economy on a daily basis for more than half a century. In 1948, he took a job with the National Industrial Conference Board, a New York research group financed by big corporations. One of the businessmen who called for advice about the economy was William Townsend, a veteran Wall Street bond trader. Townsend was impressed by Greenspan, and in 1953 he asked him to join his firm as a partner. The offer came with an annual salary of around six thousand dollars, not much money even then, but it was a partnership, and Greenspan accepted. The decision made his career. During the next two decades, he built Townsend-Greenspan & Company into a thriving economics consultancy, with a roster of corporate clients that included Alcoa, U.S. Steel, and J. P. Morgan. (Townsend died in 1958, but his young partner left his name on the door.)"

"The opportunity for Greenspan to prove his independence arrived quickly. Between March, 1988, and March, 1989, the Fed raised short-term interest rates from six and a half per cent to almost ten per cent, to head off inflation. The resultant recession didn't start until August, 1990, and lasted less than a year, but as 1992 approached President Bush's economic advisers grew increasingly concerned that the Fed was not cutting interest rates quickly enough to insure a vigorous recovery. Nicholas Brady, the Treasury Secretary, was an old pal of Greenspan's from Wall Street, but that didn't prevent Brady from repeatedly calling for more interest-rate cuts. The friendship between Brady and Greenspan turned increasingly sour. At one point, Brady even cancelled his weekly lunches with the Fed chairman. After Bush's defeat, some Republicans blamed Greenspan for losing them the election. (Arguably, it was the second time he had cost the G.O.P. the White House.)"

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Aliás, lembrei dessa também: UM ÍNDIO DE MANAUS NO NEW YORK TIMES -- https://piaui.folha.uol.com.br/materia/um-indio-de-manaus-no-new-york-times/

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Escrevendo, estive ouvindo este:
POPS DISCOS - TIJUANA MOODS(1957)CHARLES MINGUS

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Enredo de outrora, história de ontem

O release da Suzano do 1º tri/20 deu o que falar por esse quadrinho:


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Empresas exportadoras para se protegerem das variações cambiais, adotam política de hedge -- é lugar comum da estratégia corporativa contemporânea. Esse pode ser feito por meio de derivativos, operando contratos futuros de USD, coisa que a Suzano fez, com NDFs e ZCCs. O problema se dá na marcação a mercado dessas posições: valor negativo de R$ ~10,7 milhões. 

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Pelo histórico do setor de celulose, números assim nos relatórios assustam. Em 2008, a Aracruz sofreu baque gigantesco, muito bem explicado nessas reportagens: https://valor.globo.com/eu-e/noticia/2018/09/14/a-tormenta-dos-derivativos.ghtml e https://valor.globo.com/eu-e/noticia/2012/12/14/a-anatomia-de-um-desastre.ghtml

Em resumo, posições negativas foram se alargando com a valorização do dólar (decorrência dos desdobramentos da crise do subprime nos EUA) e o rombo foi enorme. O processo de fusão com a VCP atrasou e foi ocorrer em 2009. Hoje, a VCP, que virou Fibria, é incorporada à Suzano.

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Mais conhecido desse enredo foi o caso da Sadia; a Piauí retratou bem nessa aqui: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-setembro-negro-da-sadia/

"No dia seguinte, às oito e vinte da manhã, o diretor-financeiro Adriano Ferreira entrou chorando na sala de Walter Fontana Filho. Disse-lhe para esquecer a compra da Frangosul e anunciou: havia perdido o controle das operações de câmbio e a Sadia estava com 5 bilhões de dólares a descoberto no mercado de derivativos. A empresa tinha fechado posições de câmbio a 1,60 real, apostando que o dólar não subiria. Mas, naquele dia, a moeda já havia ultrapassado 1,80 e essa diferença, pelo contrato com os bancos, tinha que ser paga em dobro. São as chamadas operações 2 por 1: a cada subida do dólar, a Sadia tinha que fazer um depósito na Bolsa de Mercadorias e de Futuros para honrar seus compromissos. Como era obrigada a zerar diariamente essas posições, o caixa da empresa e sua liquidez estavam ameaçados."

quarta-feira, 13 de maio de 2020

A Igreja da Inglaterra tem um fundo (e eles são bons nisso)

A Igreja anglicana da Inglaterra gere um fundo de £8,3 bilhões, convertendo pelo câmbio de ontem (13), dá um PL de R$ ~ 59 bilhões. Descobri isso, despretensiosamente, por uma matéria do Brazil Journal que comentava sobre os critérios mais rígidos adotados por fundos de investimento, em especial, fundos soberanos e de endowment, ao escolherem os ativos para compôr seus portfólios: https://braziljournal.com/blacklisted-aumenta-a-pressao-sobre-petroleiras-e-mineradoras

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A gestão do fundo é feita pela Church Comissioners e segue filosofia de investimento baseada em retornos consistentes no longo prazo, diversificando a carteira, para tanto:

"Our investment objective is to generate a return of inflation (RPI) +5.0% p.a., on average, over the long term to support the work and mission of the Church of England today and for future generations"

Dentre as classes de ativos, possuem bonds, ações de companhias listadas ou não, real estate (dentre os quais, condomínio e shopping -- "Two of the largest holdings in our portfolio are the Hyde Park Estate in London, and our 10% stake in the Metrocentre in Gateshead") e investimentos alternativos. 

Mas esse aqui foi o que mais deu o que falar: https://www.forbes.com/sites/javierhasse/2019/06/13/the-church-of-englands-10-5b-fund-will-now-invest-cannabis/#6cf1364117fd. -- The Church Of England's $10.5 Billion Fund Will Now Invest In Cannabis

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Os reports anuais tão aqui: https://www.churchofengland.org/about/leadership-and-governance/church-commissioners/publications e são bem completos -- melhor elaborado que muitos (não poupe o "s" nesse fim) outros tantos que já vi. Os retornos do fundo são analisados por diferentes períodos de tempo -- já que pensado com diferentes finalidades:

E aqui a alocação:

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Seguem a ideia de investimentos responsáveis (como dei spoiler no começo), passando por critérios ambientais, sociais e de governança. A ideia utópica seria ter apenas ativos AAA na carteira, sendo a base de comparação com o ESG benchmark, elaborado pelo Morgan Stanley (acá https://www.msci.com/esg-indexes):
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Escrevendo, estive ouvindo o Dizzy Gillespie sua banda numa versão primorosa - e muito engraçada! - de Chega de Saudade; acá: https://www.youtube.com/watch?v=wxs8yEvdnUg

Comentários lítero-futebolístico-musicais

Descobri essa matéria da Paris Review (https://www.theparisreview.org/blog/2014/06/03/an-absolute-truth-on-writing-a-life-of-coltrane/) de uma biografia do Coltrane escrita em 1975. Acontece que o autor, Cuthbert Ormond Simpkins, é médico com passagem pela Harvard Medical School e sua família esteve na linha de frente da luta por direitos civis nos EUA:

"In the 1950s Dorothy was one of the first black people in Shreveport to refuse to move from the front of a city bus. The police once pulled her from a bus and arrested her in front of the troupes of Boy Scouts and Cub Scouts she was escorting. In the early sixties, when Tuffy was a teenager, two of the family’s houses were bombed by white supremacists."

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Há poucas coisas relacionadas a futebol melhores que a série Residence da SoccerBible na rede: https://www.soccerbible.com/design/residence/

Residence #9 | 'Craven Cottage' Fulham Football Club

Some description

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Até o fim da quarentena vou matar os instrumentais da NPR Music Tiny Desk Concert. Escrevendo, tô ouvindo o Igor Levit, que descobri pela New Yorker dessa semana: https://www.youtube.com/watch?v=HSyJNWyRZ8Y

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Os gringos tratam melhor nossa música que nós mesmos. Quem dera encontrar alguma edição em encarte de um destes 33 rotações... ps: com a libra a R$ 7,19, o Clube da Esquina sai por R$ ~330: https://www.mrbongo.com/collections/music/brazilian?page=1&sort_by=price-descending

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Marques Rabelo é um dos autores que preciso criar vergonha na cara, tirar da estante a edição da José Olympio e ler: https://blogdoims.com.br/o-mais-lembrado-dos-autores-esquecidos/

terça-feira, 12 de maio de 2020

Pontuando o que BIS e Bacen escreveram em pdf & Hiro Uzawa numa thread do Twitter

Esses dias fiquei pensando em como o covid-19 podia mudar nossa relação com dinheiro papel-moeda, já que algo que passa de mão em mão não me parecia uma coisa imutável depois desses tempos. Cheguei num estudo do BIS de começo de abril: https://www.bis.org/publ/bisbull03.pdf. Alguns comentários:


  • Não fui só eu que andei pensando nos perigos de transmissão da doença por esse meio

  • Pesquisas dão conta, porém, que o risco de transmissão é baixo se comparado com outros meios


  • Já havia um movimento de expansão do uso de cartões de crédito com recurso de pagamento por aproximação, assim como aumento no limite estabelecido para essa função em alguns países. É possível que o covid-19 fortaleça esse movimento para o futuro 

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Esse ponto 15 da ata da última reunião o Copom deu o que falar. Não foi muito para menos:


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As threads da Beatrice Cherrier no Twitter são prato cheio! Por lá conheci o Hiro Uzawa (https://twitter.com/Undercoverhist/status/1075911292517531650), que só teve essa história de vida:

"There’s this economist few remember, who wrote the 1st 2-sectors growth model, brought Pontryagin to econ, played rugby w/ Inada, argue over Marxism & Keynes w/ Solow & Kahn, rediscovered Veblen & ended up contributing to a papal encyclical."

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Escrevendo, estive ouvindo os porto-riquenhos do ÌFÉ na NPR: https://www.youtube.com/watch?v=Q6s_ZL8b3GE

sábado, 9 de maio de 2020

Alguns pitacos sobre fundos soberanos - e a descoberta tardia de que o nosso se foi...

Fundos soberanos, ou Sovereign Funds, são fundos estatais que gerem altas quantias (assustadoramente altas, para quem não é versado), proveniente grande parte das vezes de atividades extrativas, como a exploração de petróleo. A região de origem dos maiores fundos é explicativa (https://www.swfinstitute.org/fund-rankings/sovereign-wealth-fund):


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A política de investimento desses fundos gira em torno de ativos offshore: ações, real estate, bonds. Tanto é que minha ideia de escrever algo sobre o tema surgiu lendo uma notícia sobre o follow-on da Natura, empresa que conta com um destes grandes SWFs entre seus principais acionistas: o GIC (Government of Singapore Investment Corporation). 

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O maior deles, o Norway’s oil fund ou Norway Government Pension Fund Global, foi criado na década de 90 para limitar os efeitos que a volatilidade de preços do petróleo pudesse gerar ao país - como o nome ilustra, o dinheiro do fundo vem da exploração da commodity. Abaixo o crescimento do valor de mercado do fundo desde meados de sua criação -- aliás, o site deles é muito completo; vale muito passar um tempo por lá: 


A política de investimento é toda voltada para ativos de fora e seguem uma alocação de ~70% em ações. Pra diversificar tamanho volume de dinheiro num único tipo de ativo, são mais de 9.000 empresas investidas em 74 países: no total, investem em 1,5% de todas as companhias listadas nas Bolsas globais!

Nesse link dá pra ver todos os ativos investidos -- no Brasil vai de IRB a São Martinho (só não cabe Oi na carteira, pelo visto): https://www.nbim.no/en/the-fund/holdings/holdings-as-at-31.12.2019/?fullsize=true


O retorno anual é bastante respeitável: https://www.nbim.no/en/the-fund/returns/


Esse ano, porém, o baque será grande e a chamada da Bloomberg dá a proporção: Norway Wealth Fund Lost Record $113 Billion in Stock Slump. No primeiro trimestre/20, o fundo teve perda de 14,6%; com as ações caindo 21,1%. E diferente de outros momentos, dessa vez, para ajustar nas contas do país, o fundo vai repassar parcela de seu PL ao governo (coisa que aconteceu em outros momentos de cotações baixas do petróleo). Precisaram, também, vender na baixa:

"The crisis triggered by the coronavirus pandemic is playing out very differently for the giant investor than the 2008 great recession. Back then, Norway’s wealth fund used the global sell-off to buy up cheap stocks. This time, the fund will probably need to offload a sizable chunk of its bond portfolio."

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Acá, por um tempo, também tivemos nosso Fundo Soberano (com letras maiúsculas menos por sua relevância do que por costume de escrita). Foi criado em meados de 2008 com o intuito de investir parte da grana gerada com os royalties da exploração do pré-sal. Sem nenhum sucesso em tentar gerir essa empreitada, descobri com atraso que, com a aprovação da MP da liberdade econômica ano passado, foi extinto.

Não seguindo o "padrão" de investir em ativos de fora, colocou dinheiro em títulos públicos, ações do BB e da Petrobras e...

"A equipe de Arno Augustin comprou nada menos que 12 bilhões de reais em ações da Petrobras. Pagou 29,65 reais pelas ações ordinárias e 26,30 reais pelas preferenciais e passou a ter 3,9% do capital da companhia. Além de não ter absolutamente nada a ver com os objetivos do fundo, esse investimento foi desastroso. 
As ações da Petrobras perderam cerca de 40% de seu valor nos dois anos seguintes. Mas foi aí que surgiu o inexplicável. Arno e seus magos das finanças inverteram a lógica mais básica que rege investimentos e decidiram vender tudo. Compraram na alta e venderam na baixa — e jogaram na lata do lixo 4,4 bilhões de reais." (https://exame.abril.com.br/revista-exame/deixa-no-cdb-arno/)

Taxa de juros negativas (ao som de Ruben Lopez Furst)

O avanço do covid-19 e o fechamento das economias fez os Bancos Centrais atuarem (e muito!) nesse começo de 2020. Esse mapinha da Bloomberg nos dá uma noção -- mesmo que desatualizado, já que março e abril foram longos meses; a China (PBC), por exemplo, cortou mais um pouco nesse meio tempo:

Charting the Economy: Central Banks Tremble at Crash of Markets ...  

No geral, os BCs optaram por cortar juros para dar um sopro de vida econômico. Outros que já tinham patamares negativos, não mudaram; é o caso do BOJ e ECB (https://www.boj.or.jp/en/mopo/mpmdeci/state_2020/k200121a.htm/ e https://www.ecb.europa.eu/stats/policy_and_exchange_rates/key_ecb_interest_rates/html/index.en.html). 

Depois de reduzir para 0-0,25% em reuniões extraordinárias, o FED manteve e comunicou que deve continuar comprando bonds, mas procura manter o patamar de juros; ou seja, território negativo, não. É o que Powell já tinha dito em outras oportunidades. 

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O mercado, porém, já começa a precificar taxas negativas. Os contratos futuros na Chicago Mercantil Exchange negociam a 100 - FED funds rate; nesse caso, se o nível estiver acima de 100, o mercado está precificando juros negativos (https://www.cmegroup.com/trading/interest-rates/stir/30-day-federal-fund.html). E é o caso atual:


Com os dados de desemprego assustando, a recuperação econômica se torna mais complicada, por si só. E, na última semana, o mercado passou a ajustar mesmo em telas mais próximas a referência negativa (https://www.bloomberg.com/news/articles/2020-05-07/negative-u-s-policy-rate-seen-by-early-2021-in-futures-market):

Rally in Fed funds futures signals market leaning toward negative U.S. policy rate

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Na verdade, o mercado de trabalho assusta e muito (ao menos, não as Bolsas americanas). A capa do NYT de hoje:

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Um adendo: do comunicado de Janeiro do BOJ, me chamou atenção, além de atuar comprando ETFs (coisa que o FED disse essa semana que fará), os J-REITs. Basicamente, lidará com ativos de Real Estate. 

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Me aventurando no jazz argentino com Ruben Lopez Furst:

Jazz Argentino En La Universidad - Livros na Amazon Brasil ...Jazz En La Universidad em 2019 

sexta-feira, 8 de maio de 2020

O que tenho lido (e me assustado) no começo de maio de 20

Os pedidos de seguro-desemprego americanos atingiram patamares impensáveis para outros momentos e ~20% (!) da força de trabalho do país está no meio disso: Nearly 20 Percent Of The U.S. Labor Force Has Filed For Unemployment Since Mid-March (https://fivethirtyeight.com/features/nearly-20-percent-of-the-u-s-labor-force-has-filed-for-unemployment-since-mid-march/)

Essa possível capa do NYTimes mostra a loucura da situação: https://twitter.com/jbenton/status/1245696846753935360/photo/1

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Nunca pensei que veria isso, mas bitcoin e hedge numa mesma frase se tornou real (e estratégia de investimento): Paul Tudor Jones Buys Bitcoin as a Hedge Against Inflation (https://www.bloomberg.com/news/articles/2020-05-07/paul-tudor-jones-buys-bitcoin-says-he-s-reminded-of-gold-in-70s)

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A importância das techs no S&P: The Alarming Rise of Algorithms as Heroes of the Stock Recovery (https://www.bloomberg.com/news/articles/2020-05-07/the-alarming-rise-of-algorithms-as-heroes-of-the-stock-recovery) e uma comparação com as aéreas

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No geral, os presidentes ao redor do globo se aproveitaram da situação para aumentar sua popularidade. Não foi o caso do Brasil:



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Aldir e Ron Carter:https://www.quatrocincoum.com.br/br/colunas/c/aldir-caricia-e-bofetada. Aliás, tenho ouvido Jorge López Ruiz e só um comentário possível: o free jazz argentino é da pesada! 

Jorge Lopez Ruiz - Bronca Buenos Aires - Amazon.com Music





quinta-feira, 7 de maio de 2020

Rolês aletório-econômicos



Veja com seus próprios olhos: https://twitter.com/axlrose/status/1258161648184905728

Pontuando os pontos do Ilan sobre emissão monetária (e caderneta de poupança por Fio Maravilha)

Disclaimer: outra vez, é um post mais para organizar as ideias (daqui: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/05/emissao-monetaria-resolve-nao-escapamos-de-focar-nos-mais-vulneraveis.shtml?origin=folhado que para passar alguma :)

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Ilan explica tim-tim por tim-tim (serve até como resumo de alguma prova da graduação) quais os efeitos, no aumento e financiamento da dívida pública, de emitir moeda pra sanar os problemas econômicos deste período.

Colocar dinheiro para rodar na economia parece, de form extremamente ingênua, uma boa ideia para aquecer a economia e driblar os problemas de renda e demanda das famílias, por exemplo, durante a quarentena. Entretanto, o dinheiro físico (papel-moeda em si, na mão das pessoas, empresas ou bancos -- este último, em depósitos à vista) representa muito pouco no total dos meios de pagamento: "apenas em torno de 3-4% do PIB". Para alguém mais habituado ao assunto, é dizer que o M1 é pouco representativo comparado ao M4.

Mesmo que o último relatório de Programação Monetária seja referente a 2018, dá para se ter uma ideia (https://www.bcb.gov.br/ftp/progmon/pm-022019p.pdf):


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Também pontua a que patamar vamos estar de dívida pública/PIB (um negócio que vem crescendo e muito), devendo ficar em "ao menos 90% do PIB". Numa thread do Twitter dá pra se alertar para não assustar caso o número que chegue a suas mãos seja >100%/PIB. Spoiler: os números do FMI são maiores. Aqui: https://twitter.com/AlexSchwartsman/status/1250568216616882176

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Quando Ilan comenta sobre a emissão monetária aumentar o passivo do BC e, dessa forma, aumentar a dívida do governo é de uma didática exemplar. Basicamente, se o BC emite dinheiro ou se endivida pelo Tesouro emitindo títulos da dívida lastreados à Selic tem o mesmo custo de financiamento. 

Ainda comenta sobre, em momento de aumento do CDS e decisão do BC de diminuir a 3% a.a. a Selic, a taxa de juros de equilíbrio ter aumentado num momento como esse (comentei sobre isso aqui: https://fisher-and-chips.blogspot.com/2020/04/revisitando-composicao-dos-juros-e-uma.html), e como pode afetar o câmbio, desvalorizando o já tão combalido.

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Por fim, artigão!


Fio Maravilha, aquele do Flamengo e do Jorge Ben (você já cantou, que eu sei!), foi garoto-propaganda de caderneta de poupança: "rende juros e dividendos e correção monetária", segundo o craque (https://www.youtube.com/watch?v=EXSWFEqjmKo)

O atacante folclórico que fez o maior golaço da MPB completa 70 ...

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Escrevendo, estava ouvindo esse:

João Gilberto - Live At Umbria Jazz (2002, CD) | Discogs 

Fundos de investimentos futebolísticos - 2º tempo: Milan&Elliot

O Milan do trio holandês Van Basten&Gullit&Rijkard (vide abaixo, trajados de rossonero) todo mundo que teve um mínimo de contato com...